Terça, 07 de Outubro de 2025
Em um cenário de rápida transformação digital, a adoção de inteligência artificial (IA) no setor industrial brasileiro experimentou um crescimento notável nos últimos dois anos. Segundo dados da Pesquisa de Inovação Semestral (Pintec) do IBGE, o número de empresas industriais que utilizam IA saltou de 1.619 em 2022 para 4.261 em 2024, representando um aumento de 163%.
O levantamento, financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e com apoio técnico da UFRJ, revela que 41,9% das empresas industriais pesquisadas já utilizavam IA no primeiro semestre do ano passado, em comparação com 16,9% dois anos antes.
O gerente de pesquisas temáticas do IBGE, Flávio José Marques Peixoto, atribui o avanço da IA ao maior uso das IAs generativas, como o ChatGPT, que simulam conversas e criam conteúdos. Ele destaca que o lançamento e a difusão dessas ferramentas em 2023 contribuíram significativamente para o aumento da adoção.
Além das IAs generativas, outras formas de inteligência artificial, como mineração de dados, reconhecimento de fala, reconhecimento de processo de imagem, geração de linguagem natural (GLN), aprendizado de máquina (machine learning) e automatização de processos, também ganharam espaço nas empresas industriais.
A manutenção preditiva, que utiliza IA para otimizar o sistema de produção e a tomada de decisões, é particularmente interessante para o setor.
A pesquisa do IBGE identificou que o uso da IA é mais comum em empresas de maior porte. Nos negócios com 500 ou mais empregados, 57,5% utilizam IA, em comparação com 42,5% das empresas de 250 a 499 funcionários e 36,1% das com 100 a 249 trabalhadores.
Dentro das empresas, as áreas que mais utilizam IA são administração (87,9%) e comercialização (75,2%).
As áreas de atividades com maior presença de IA são:
Os três ramos com menos uso de IA são:
O estudo revela que 89% das empresas industriais utilizam alguma tecnologia digital avançada. Além da IA, a computação em nuvem (77,2%) e a Internet das Coisas (50,3%) são as mais populares.
Outras tecnologias incluem robótica (30,5%), análise de big data (27,8%) e manufatura aditiva (impressora 3D) (20,3%).
Os setores com maior e menor uso de tecnologia digital são:
1º) Outros equipamentos de transporte: 98,3%
2º) Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: 97%
3º) Impressão e reprodução de gravações: 96%
23º) Fumo: 77,8%
24º) Madeira: 76,2%
25º) Celulose, papel e produtos de papel: 73,5%
Total da Indústria: 89,1%
O aumento da eficiência (90,3%) e a maior flexibilidade (89,5%) foram os principais benefícios citados pelas empresas que adotaram tecnologias digitais. A maioria das empresas (88,6%) tomou a decisão de forma autônoma, enquanto a influência de fornecedores e clientes (62,6%) e da concorrência (51,9%) também foram fatores importantes.
Os altos custos das soluções tecnológicas (78,6%) e a falta de pessoal qualificado (54,2%) foram os principais desafios enfrentados pelas empresas na adoção de tecnologias digitais avançadas.
O estudo também revelou uma diminuição no percentual de empresas industriais que adotam o teletrabalho, de 47,8% em 2022 para 43% em 2024.